segunda-feira, 8 de junho de 2009

Louvação


"Vou fazer a louvação do que deve ser louvado

Meu povo preste atenção, repare se estou errado

Louvando o que bem merece, deixo o que é ruim de lado

E louvo pra começar" Gilberto Gil e Torquato Neto, de quem emprestei esses versos, e, através deles, todos os músicos fantásticos da nossa MPB, e a música, musa-paixão.

Louvo meu amado, e todos os que têm a coragem de amar.
Louvo meus pais, sogros, tios, avós, babás, todos que acalentaram/acalentam a mim e a minha família.
Louvo meus filhos, netos e enteados, seus amores e amigos, sobrinhos, orientandos e alunos, todos que me permitem cuidar-ensinar e beber na fonte da juventude.
Louvo meus irmãos, amigos, cunhados, primos, colegas, todos com quem vivo a fraternidade.
Louvo terapeutas, guias, mestres, supervisores, todos os que se dedicam à arte de curar e desenvolver.
Louvo pacientes, grupos e instituições, todos com quem compartilhar loucuras e desdobrar sentidos.
Louvo escritores, filósofos, artistas, todos os que encantam e desvendam as belezas e mistérios do mundo.
Louvo inventores e todos que, com seus engenhos, rompem fronteiras, ampliam capacidades e aguçam sentidos humanos.
Louvo as diferentes paisagens, culturas, climas, povos, idiomas, fontes da multiplicidade.
Louvo a natureza, em todos os seus elementos e manifestações.
Louvo enfim todos os encontros que vivi e vivo, em suas alegrias e tristezas, fonte da minha escrita, "materiales que forman mi canto, y el canto de todos, que es mi propio canto" (Violeta Parra).
Pois o que é o autor senão, como diz Gregório Baremblitt, um "terminal de cabo"? Meu livro: uma rede onde se entrelaçam idéias e sensações advindas das mais diversas fontes, expressas ao meu modo, filtradas pelo crivo da minha experiência.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

"Religião do encontro"

Um amigo sugeriu que tenho o desejo de ser deus porque organizei os princípios do amor em dez mandamentos. Melhor assumir logo a pretensão, pois, como comprovou Moreno, o inventor do psicodrama, “a única forma de livrar-se da síndrome de Deus é desempenhando-a.”

Chegou a criar a “religião do encontro”, na qual propõe uma relação horizontal com Deus. É dele o belo poema que celebra o encontro, do qual destaco o trecho mais conhecido, e meu predileto:
"Um encontro de dois: olhos nos olhos, face a face.
E quando estiveres perto, arrancar-te-ei os olhos e colocá-los-ei no lugar dos meus;
E arrancarei meus olhos para colocá-los no lugar dos teus;
Então ver-te-ei com os teus olhos e tu ver-me-ás com os meus."

Como Moreno, busco a liberdade, embora por outros caminhos. A minha é uma religião individual: sou eu a deusa, a sacerdotisa, a praticante. Não procuro adeptos; pretendo apenas compartilhar minhas descobertas. Há um prazer em anunciá-las, mesmo quando tantos já o fizeram antes de mim.